segunda-feira, 22 de março de 2010

Por que acreditar em estrelas cadentes?


O credo no sobre natural interfere no nosso dia-a-dia.
Quebrar um espelho te trará azar - principalmente se o espelho for caro.
Crer que passar debaixo de uma escada, ou cruzar com um gato preto na rua, ou ainda deixar a vassoura atras da porta te trará coisas ruins, são como lendas urbanas, tradicionais, assim como existem as que trazem sorte, como o pé-de-coelho (que só não traz muita sorte para o coelho - música da praça é nossa, risos), e o trevo de quatro folhas.
Mas o que me chamou atenção esses dias, ou melhor, essas noites, foi o mito de que, ao ver uma estrela cadente, faça um pedido. Crer em algo sobrenatural teria sim um fundamento, um fundamento mítico, imaginário, baseado na fé. Mas, e a crença em algo natural? Uma estrela é um astro luminoso que está por aqui desde o surgimento de tudo, que não preciso dizer então, que ela existe a um longo tempo. Por que a "morte" de uma estrela me traria sorte? É pura fé. Crer fielmente em algo te focaliza a um propósito, te dá esperanças, trazendo felicidade. Por isso ao ver uma estrela cadente, faça um pedido!

domingo, 14 de março de 2010

A responsabilidade das idéias


Olá amigos que acompanham este blog!
Hoje gostaria de fazer algo diferente.
Há um tempo, li um livro pelo qual achei espetacular.
O titulo é "O Conflito das Idéias", de Voltaire Schilling, um escritor fantástico de nosso tempo.
Este livro eh divido em pequenos capítulos, que se discute história, filosofia, cultura, entre outros.
E hoje, aqui, vou lhe deixar um dos capítulos que mais gostei.

A responsabilidade das idéias

"As idéias não são responsáveis pelo que os homens fazem delas".
Werner Heisenberg (1901-1976).

Qual a responsabilidade "moral" do homem de pensamento nas ações que são cometidas, diretamente ou não, por sua inspiração? É possível isentá-lo de qualquer tipo de utilização que possam vir a fazer com aquilo que ele disse? Observa-se que em geral há uma tendência corporativa entre os intelectuais que leva-os a operar uma astuciosa separação entre a teoria e a prática.
Tendem a criar um abismo ético entre o pensamento e a ação, entre o homem que intelectualiza e o outro, o que executa, para em caso de as coisas não saírem como o devido, inocentarem o mentor intelectual, exatamente como propõe o físico Werner Heisenberg (que aliás serviu religiosamente aos nazistas durante toda a 2º Guerra Mundial), e que utilizei como epígrafe.
Essa atitude coloca os homens de pensamento numa confortável posição. Nada lhes pode ser imputado, porque jamais cogitam que suas abstratas especulações possam ter um objetivo nocivo qualquer. Dessa forma, os desastres que muitas das idéias provocam ao longo da história ficam sempre depositadas nas costas largas dos homens de ação, esses brutos destituídos de sensibilidade que não conseguem perceber as nuanças e gradações do pensamento sutil.
De certo modo essa tentativa de eximir moral e juridicamente a idéia, seja ela qual for, nada mais é do que uma atualização modernizada do velho preconceito encontrado pelos gregos entre o theorén - o que vê - e os pratikos - o que age -; entre aquele que pensa, geralmente o aristocrata culto e ocioso, e o que obra, um escravo, um artesão, ou qualquer outro infeliz condenado a trabalhar com as mãos.
Graças a esse cômodo sofisma - de colocar o pensamento acima de qualquer suspeita - libero Platão de ter sido um apologista da censura literária, apesar de ele ter abertamente pregado a sua necessidade; como também inocento Aristóteles de ter assegurado que a escravidão era o estado natural de muitos homens.
Numa restrição faço à obra de Ginés de Sepúlveda, o "Democrates primus", de 1531, no qual defendeu ser a guerra dos cristãos contra os índios "lícita" e compatível "com a prática da religião", respaldando o etnocídio que se seguiu à conquista das Américas.
Quantas vezes nesses séculos todos a pena colocou-se a serviço da infâmia? Se atentarmos para o próprio nascimento da literatura ocidental, verificamos que os poemas guerreiros de Homero eram apologias da pilhagem, pirataria, do sítio militar, do seqüestro de mulheres, das brigas pelos espólios, da vaidade e do gosto por derramar sangue.
E o que dizer dos livros do Conde Gobineau, de Houston Stewart Chamberlain ou de Vacheur de Lapouge, que estimularam o racismo e a luta racial? Evidentemente que aqueles cavalheiros bem intencionados não tinham nada a ver com as leis segregacionistas nem com os fornos crematório, onde, no nosso século, incineraram-se os "povos inferiores". Foram todos os homens interamente inocentes?
Absolvendo esses pensadores, reservamos-lhes um limbo especial - o da irrestrita irresponsabilidade moral absoluta - e ainda os apresentamos como vítimas de incontáveis mal-entendidos ou interpretações de má-fé feitas por políticos e líderes de massas de ignorantões que não souberam captar a essência pura e desinteressada do que realmente idealizaram para o bem da humanidade. Agindo-se assim, o estrago feito pelas idéias sempre será decorrente da ação, nunca da contemplação.

(SChilling, Voltaire/ O Conflito das Idéias -
Porto Alegre; AGE - 1999).

Caso alguém gostar deste post, deixo aqui o link do livro:
O Conflito das Idéias

sexta-feira, 12 de março de 2010

Felicidade


A felicidade!
Esta sim é uma intrigante questão.
Por que ser feliz?

A busca da felicidade é a busca de tudo aquilo que nos dá prazer. A razão, o propósito da felicidade é satisfazer o espírito.
O ser humano descobre, aposteriori, o essencial para uma vida saudável, e uma dessas coisas é a felicidade. Mas, a felicidade em si não é causa de si mesma, ela é provocada por uma anterior, que como qualquer outro sentimento reage de acordo com o temperamento do ser.
A felicidade não é algo discutido em mesas de bar ou reuniões de trabalho, e garanto que muitas pessoas raramente param pra pensar sobre felicidade, se é que algum dia pensaram. Nos acomodamos com a ideia de felicidade. Temos em mente, sem mesmo que alguém nos diga, que nascemos e vivemos para sermos felizes, e isso se torna uma verdade tão intrínseca ao ser humano, que já não discutimos sobre felicidade, e sim como obte-lá. Alguns a buscam na matéria, por meio de bens e posses, outros a buscam em "divindades", algo relacionado a fé e a religião.

Exemplificarei usando uma máxima de uma das grandes mentes da física contemporânea, Albert Einstein: "Não existe a escuridão, ela é a pura ausência da luz, enquanto o mal, é a pura ausência do bem".
Na essência, ele afirma que o "bem" já é algo positivado, é lei.
Assim funciona a felicidade, uma lei inata à vida. A preservação do corpo em casos de risco de morte, a preferência à vida, já é algo positivo. E assim sendo, a felicidade, efeito sobre a condição viva do ser, é uma verdade indiscutivel.